O
significado de escala urbana só pode ser devidamente compreendido na medida em
que for inserido no planejamento de todo um território, onde estejam presentes
as demais escalas que compõe o ordenamento, associadas às áreas rurais e
ambientais.
O que é o
urbano? De forma sucinta, podemos afirmar que o conceito é atribuído às
aglomerações instaladas sobre determinado espaço territorial, ocorrência que
resulta em necessidades e anseios que refletem a busca por níveis cada vez
melhores de qualidade de vida.
No Brasil, a
concentração humana em espaços determinados passou, ao longo dos anos, por
alguns estágios em ordem crescente de complexidade.
Inicialmente,
alguns povoados de pouquíssimos habitantes, vinculados à sobrevivência básica,
dependiam da presença local de corpos d’água e de terras agricultáveis. O
Brasil tem origens eminentemente calcadas em bases rurais.
Estes
povoados, aos poucos, se adensaram, transformando-se em aglomerados com maior
nível de complexidade, onde a passagem de viajantes estimulava a criação de
ofertas de serviços, como hospedarias, tabernas e oficinas de ferreiros.
A
necessidade de trocas de produtos ampliou a oferta através da implantação de
armazéns, onde eram comercializados alimentos originados nas fazendas
circunvizinhas.
Os
tropeiros, pessoas que circulavam pelo país levando mulas carregadas com
mercadorias, eram os responsáveis pelo fornecimento de sal e outros produtos
inexistentes em determinadas regiões A comercialização era feita através dos
armazéns.
Aos poucos,
estes pequenos núcleos cresceram, transformando-se em cidades de pequeno porte.
A partir de
então, foi reduzida a dependência absoluta em relação às fazendas, sobretudo em
decorrência da industrialização que se instalava.
Os centros
maiores se adensavam, ao mesmo tempo em que os menores perseguiam caminho
semelhante.
As
consequências do adensamento se impuseram como determinantes do ordenamento
territorial, exigindo a organização do espaço, estabelecendo a proximidade ou o
afastamento entre funções, de acordo com as necessidades de acesso mais
imediato ou o distanciamento requerido pelo nível de incomodidade presente em
cada função.
Obviamente,
a escala urbana tem como condicionante estrutural mais significativo a satisfação
da necessidade de moradia, estabelecendo
a organização interna e externa a estas áreas prioritárias, definindo os
limites de utilização do solo e as relações de proximidade de outras funções, sempre
complementares a este uso.
Portanto, a
partir destas áreas são definidos o sistema viário e sua hierarquização, as
circulações de pedestres, os índices de áreas públicas e todos os demais
condicionantes necessários à garantia do bem estar da população – embora nas
grandes cidades, como Rio de Janeiro e São Paulo, considerados o seu tempo de
existência e as deficiências de planejamento verificado em momentos passados,
ou mesmo a ausência dele, haja relações não satisfatórias.
As cidades
atuais, pequenas, médias e grandes, têm esta origem. Mesmo as planejadas têm
fundamento na análise da relação entre os condicionantes requeridos como
suporte da implantação humana e os atributos da área como elementos
satisfatórios ou propícios a esta implantação.
Ainda
encontramos, em diversas partes do país, pequenos povoados, em geral à beira
das estradas que interligam cidades, iniciados com uma ou duas casas e algumas
cabeças de gado. Nestes locais, os moradores dependem, basicamente, de trabalho
oferecido pelas fazendas vizinhas. Em algum tempo, instala-se um pequeno bar ou
lanchonete para atender viajantes das estradas e funcionários das fazendas.
Se a
evolução deste pequeno local for satisfatória, instalam-se outras atividades
compatíveis com a localização e, em algum tempo, transforma-se em pequeno povoado,
pelo crescimento vegetativo ou por migrações.
Na verdade,
a dinâmica muito pouco se alterou, considerando que as necessidades básicas
humanas são sempre as mesmas. O que se altera são as necessidades decorrentes
do próprio crescimento, do aumento de pessoas em determinado espaço
territorial, requerendo saúde, educação, redes de serviços públicos, segurança
e outros sistemas.
A área
rural, a partir de certo momento, deixa de ser tão preponderante na garantia
dos meios quando o território exige tratamento como escala eminentemente
urbana. Contudo, por razões de sobrevivência, o rural e o ambiental são escalas
indissociáveis de qualquer aglomerado.