quarta-feira, 5 de junho de 2013

As Grandes Cidades e a Necessidade de Urgentes Soluções Urbanísticas



        Recentes matérias veiculadas pela mídia informam sobre uma reunião a ser realizada em São Paulo, quando serão discutidas propostas de soluções para graves impasses de grandes núcleos urbanos.

        A dicotomia contida no conceito de urbano, enquanto local que atenda satisfatoriamente as necessidades e anseios da população, mas que esbarra na complexa circunstância do péssimo atendimento à demanda gerada pelo crescimento populacional, representa fator relacionado, entre outros, à má gestão dos condicionantes do transporte coletivo e individual, às distâncias entre casa e trabalho e a dificuldade em prover as pessoas de espaços adequados à circulação, à convivência e à permanência, sobretudo em áreas centrais.

        Embora exista a preocupação atual em abordar coletivamente esta questão, a verdade é que estes problemas urbanos se anunciam desde as distantes décadas iniciais do século XX. As dificuldades já se esboçavam em grandes cidades e a visão de um futuro caótico não era privilégio de poucos.

        Uma megalópole como São Paulo, a mais densa e, portanto, a mais problemática dentre os núcleos urbanos brasileiros, exige tratamento que combine ações, a um só tempo, urbanísticas e ambientais, considerado o caráter indissociável entre estas duas áreas do conhecimento.

        O distanciamento imposto entre estas duas faces, ocorrido ao longo de vários anos, revelou-se quando da busca de soluções para o crescente tráfego urbano, período em que se fizeram necessárias aberturas e alargamentos de vias de circulação de veículos e a criação de mais e mais áreas destinadas a estacionamentos públicos. O prejuízo recaiu sobre as áreas verdes suprimidas, implicando diretamente no mal estar da população, no momento em que subtraiu áreas de circulação de pedestres, de convivência e de permanência, ao mesmo tempo em que promoveu níveis crescentes de poluição.

        A difícil equação a ser montada e solucionada, em busca da melhoria das condições da população urbana, deve incluir, entre outros elementos, o respeito à propriedade privada, mas também revendo dados como a concentração de ações sobre o transporte público coletivo, quando se sabe que este meio de deslocamento, por mais importante e estratégico que seja, certamente não será  único, mesmo que desejável e essencial.

        Dificilmente, na história futura deste país, e em especial em um núcleo urbano como São Paulo, haverá a completa substituição dos veículos individuais pelos coletivos. O hábito do transporte individual é profundamente arraigado à cultura da população, além da necessidade de inúmeras pessoas em circular fora do eixo casa-trabalho, inclusive por razões de trabalho. Muito provavelmente, o transporte público não responderá a estas necessidades em prazo curto, como desejaríamos.

        Necessário, portanto, será repensar as centralidades urbanas como se apresentam, em um processo de aproximação estreita entre o urbano e o ambiental.

        A título de pequena contribuição, poderíamos pensar em duas intervenções simultâneas que, conjuntamente, poderiam amenizar os enormes problemas com que lidamos:

Por um lado, a realização de estudos sobre a previsão, em futuros e atuais parcelamentos e edificações, o resgate da importância da criação e da  reimplantação de áreas verdes, em coberturas de edificações e ao nível do solo. Isto inclui os estacionamentos públicos. Uma antiga norma urbanística do Plano Piloto de Brasília prevê a possibilidade de introdução de uma árvore a cada duas vagas para veículos. Basta, portanto, que se defina o tipo de árvore a ser adotada, com caules finos, copa frondosa e raízes adequadas à localização.

Por outro lado, poderia ser repensado o antigo hábito de trazer os funcionários para as sedes das empresas, quando muitas atividades atuais prescindem desta presença. Seriam providências em parceria público-privada, com melhor aproveitamento dos recursos oferecidos pelos computadores e pela internet, como meio de reduzir os deslocamentos urbanos.