Uma obra
arquitetônica é projetada com fundamento em critérios determinantes do
resultado pretendido.
Estes critérios
abrangem o sistema estrutural, os materiais construtivos utilizados, o programa
arquitetônico necessário à consecução do objetivo, o partido arquitetônico que
tece as diferentes partes que constituem o programa, a relação com o entorno e
a forma.
A escolha
destes elementos não é aleatória. Ao contrário, exige a construção de linhas
bem demarcadas que conduzem os conjuntos harmonicamente urdidos à meta que se deseja
alcançar.
Dentre os
fatores determinantes do resultado final, um dos mais complexos é a forma.
Abordagem
aglutinadora de diversas essências, a forma é consequência de origens culturais,
de momentos históricos, de fatores psicológicos, do conhecimento das
características do meio que receberá a obra e da sua relação com os demais
elementos determinantes da edificação, com relevo sobre a função.
Não se pode
desconhecer a importância fundamental do atrelamento da estética ao objetivo
funcional de uma edificação, sob pena de se perder o condão da harmonia e, por
que não, da lógica intrínseca aos atos arquitetônicos.
Por vezes
encontramos edificações apresentadas sob formas que atraem a atenção pelo
incomum. Construções em cúpula, outras piramidais e algumas reproduzindo
antigos castelos. A dissociação com o entorno imediato e até remoto revela
objetivos de destaque por razões de identificação como ponto de chegada, ou por
motivos decorrentes das origens culturais do proprietário, ou por fatores
decorrentes da própria função, ou por todos estes aspectos combinados. Na
verdade, muitas circunstâncias nada têm de aleatória.
Contudo,
algumas soluções pecam pela ausência de lógica.
Casos existem
em que volumes são criados de modo a ignorar a necessária relação entre
largura, altura e profundidade, afastando-se de resultados mais satisfatórios,
inclusive ignorando o espaço disponível para a implantação da obra.
Extremamente
difícil é a avaliação formal de uma obra. Não se podem restringir formas a
critérios de bonito ou feio. O que é agradável a uns pode ser sofrível para
outros, dependendo de cada cultura e de cada formação psicológica.
Um quadro de Picasso exposto em museu
de grande centro urbano terá uma avaliação estética significativamente diversa
se exposto em uma pequena cidade do interior do país. Tudo é relativo.
Da
mesma forma, construir uma casa sob critérios formais e estéticos que nos sejam
adequados, em localidades de arquitetura mais emergencial, pode resultar em
avaliações até mesmo surpreendentes. A vizinhança pode considerar a obra “esquisita”
por não fazer parte do repertório cultural corrente.
Muitas
vezes olhamos a arquitetura de Gaudi e a consideramos estranha, habituados que
somos às retas sincronizadas. Mas, antes de tudo, precisamos conhecer o tempo e
o espaço que cercou aquela execução, entendendo as razões de cada curva.