domingo, 20 de abril de 2014

A Arquitetura e a Forma

                                                   
         Uma obra arquitetônica é projetada com fundamento em critérios determinantes do resultado pretendido.
         Estes critérios abrangem o sistema estrutural, os materiais construtivos utilizados, o programa arquitetônico necessário à consecução do objetivo, o partido arquitetônico que tece as diferentes partes que constituem o programa, a relação com o entorno e a forma.
         A escolha destes elementos não é aleatória. Ao contrário, exige a construção de linhas bem demarcadas que conduzem os conjuntos harmonicamente urdidos à meta que se deseja alcançar.
         Dentre os fatores determinantes do resultado final, um dos mais complexos é a forma.
         Abordagem aglutinadora de diversas essências, a forma é consequência de origens culturais, de momentos históricos, de fatores psicológicos, do conhecimento das características do meio que receberá a obra e da sua relação com os demais elementos determinantes da edificação, com relevo sobre a função.
         Não se pode desconhecer a importância fundamental do atrelamento da estética ao objetivo funcional de uma edificação, sob pena de se perder o condão da harmonia e, por que não, da lógica intrínseca aos atos arquitetônicos.
         Por vezes encontramos edificações apresentadas sob formas que atraem a atenção pelo incomum. Construções em cúpula, outras piramidais e algumas reproduzindo antigos castelos. A dissociação com o entorno imediato e até remoto revela objetivos de destaque por razões de identificação como ponto de chegada, ou por motivos decorrentes das origens culturais do proprietário, ou por fatores decorrentes da própria função, ou por todos estes aspectos combinados. Na verdade, muitas circunstâncias nada têm de aleatória.
         Contudo, algumas soluções pecam pela ausência de lógica.
         Casos existem em que volumes são criados de modo a ignorar a necessária relação entre largura, altura e profundidade, afastando-se de resultados mais satisfatórios, inclusive ignorando o espaço disponível para a implantação da obra.
         Extremamente difícil é a avaliação formal de uma obra. Não se podem restringir formas a critérios de bonito ou feio. O que é agradável a uns pode ser sofrível para outros, dependendo de cada cultura e de cada formação psicológica.
Um quadro de Picasso exposto em museu de grande centro urbano terá uma avaliação estética significativamente diversa se exposto em uma pequena cidade do interior do país. Tudo é relativo.
         Da mesma forma, construir uma casa sob critérios formais e estéticos que nos sejam adequados, em localidades de arquitetura mais emergencial, pode resultar em avaliações até mesmo surpreendentes. A vizinhança pode considerar a obra “esquisita” por não fazer parte do repertório cultural corrente.
         Muitas vezes olhamos a arquitetura de Gaudi e a consideramos estranha, habituados que somos às retas sincronizadas. Mas, antes de tudo, precisamos conhecer o tempo e o espaço que cercou aquela execução, entendendo as razões de cada curva.

          

Nenhum comentário:

Postar um comentário